Derrubei dois livros abertos suavemente sobre o sofá da
sala. Joguei a manta sem muitos cuidados. Juntei três cadeiras e espalhei
objetos em desordem na mesinha do lado. Pronto. Um toque de liberdade, sem perder o conforto.
No escritório, afastei a poltrona, abrindo as cortinas
da janela e convidando o sol a chegar mais perto. Deixei o notebook aberto.
Adentrei o quarto, amontoei os cobertores criando e redesenhando montanhas. Empilhei seis travesseiros. Como se as crianças tivessem brincado por lá o dia inteiro. Aventura pura, sem censura.
Na cozinha comecei o recheio do bolo caseiro. Selecionei os ovos, o leite e a manteiga, deixando uma nuvem de farinha salpicada em neve sobre a mesa.
Desci do armário quatro taças de vinhos, as preferidas dos amigos. Completei o cenário, abrindo todos os vidros da varanda pra que a brisa balançasse as
plantas. Queria o movimento. Alegria, muito mais que vento.
Depois liguei o rádio, cantando alto e com vontade um velho conhecido refrão. Queria o coro, não um solo de violão.
Pronto. Sinais de vida alterando o silêncio das coisas. Movendo as roupas, empilhando as louças. Enchendo minha alma de presenças e esperanças. A casa... delicadamente desarrumada.
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