Era na garrafa. Com tampinha de alumínio. Prata ou
cor de rosa. Eu lambia a nata que grudava. A seguir, vinha a bronca: -
Não põe a boca! Eu saía sem graça, feito gato que sai de fininho, com leite no
bigodinho...
O leite na garrafa era comum nos supermercados. Mais
uma das embalagens românticas e artesanais do passado. Depois, o leite já vinha
em saquinho plástico. Mole e desajeitado. Com a faca, eu fazia o corte. Arranjava uma jarra de suporte. E dito e feito! Deixava o leite cair lá dentro: - Tira logo. Senão fica azedo...
Os pacotes tinham rótulos em vermelho, verde ou
azul violeta. Tipo A, B ou C. A embalagem era a mesma. Na gordura e no preço, a diferença! O
vermelho era caro demais. – Se tiver só ele, não traz! A caixinha de fósforos
também tinha seu charmezinho. Vinha com um selinho para a caixinha não abrir. Eu
tirava com cuidado. Pra não sair rasgado. Besteira. Ia pra lixeira...
Os chocolates também tinham românticas embalagens, com um papel de
seda ou manteiga cobrindo a barra delicadamente. E nos bombons, um papel laminado por dentro que as meninas alisavam e colocavam dentro do diário, com o nome de algum pretendente. A lembrança durava uma ou
duas páginas, somente. Eram volúveis os corações adolescentes .
Minha mãe dizia que o homem do leite batia à porta
da freguesia. Trazia as garrafas em engradados
dentro de um carrinho de metal. Assim era com o vendedor de ovos, de carne e o senhor da padaria...
Quem diria, a quarentena nos levou uns cinquenta
anos pra trás. Estão entregando tudo
em casa, novamente... Ovos, leite, pãezinhos quentes. E o uso abusivo do plástico
e das caixinhas anda matando os animais...
Quem sabe, depois da pandemia, não bate na minha
porta, um velho senhorzinho, com duas garrafas de leite fresquinho!
Ah, eu ia
dar um abraço... que abraço!
* * *
Boas recordações de um tempo inesquecível e que não volta mais!
ResponderExcluirO tempo, com certeza, não voltará... mas já vi algumas marcas de leite retornando ao vidro... rs obrigada pelo carinho e pela leitura!
ExcluirQ gostoso relembrar de tudo..
ResponderExcluirO leite em garrafas de vidro, o pão era bengala, o fininho e o filão o mais grosso.
A gente podia comprar meia bengala, saía mais barato.
Os doces até os de bar eram tão mais charmosos, bonitos e gostosos.
Lembrei das barras de chocolate verdade.. vinham com papelão, papel de seda.
Tudo mudou tanto e tudo parece q era tudo tão mais durável, permanente, resistente.
Q gostoso lembrar dessas coisas Inês Bari
Algumas seriam interessantes... termos de volta... bjs!
ExcluirLindo... saudade da minha infância.
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