Quando ela olhava por
debaixo do bifocal, não era bom sinal. Dona Terezinha dava broncas literárias. Com rigor gramatical. Tinha moral! Mas era doce, amiga, inspirava amor. Lembro até hoje das regras das preposições: para, per, perante, por!
Dona Carmita, de matemática, era
mais didática. Enfática. Ensinava com a razão. E os números decimais, tão reais e leais, brincavam à sua disposição. A Elisa de geografia, descrevia o relevo com maestria. Eu chegava a ver as águas do São Francisco com seus rios e a enorme bacia. A turma encantada aprendia com a sede de quem espera, no deserto, um copo d’água. Elisa era apaixonada.
Outros mestres marcaram por seus detalhes. O César, de inglês, e sua calça xadrez.
O Laurindo, de história. Mãos trêmulas e sempre rouco. Avental amarelo, com giz
no bolso. A Célia, de desenho, e sua mancha no joelho. E muitos outros mestres... Cleuza, Dirce, Gaspar... que ainda vivem na minha memória, junto com a
lousa, o giz de cera e um apagador imaginário que certamente não utilizei.
Todos eles merecem mais que a maçã. Eu daria a estes queridos mestres , pêssegos, morangos, bombons de licor. Uma macieira, inteira, em flor. Tamanha missão. Tamanho
amor.
Mas eu era fã mesmo das aulas de ciências. Dona
Seiko e suas experiências! Genética e reprodução. Encontrei com ela algum
tempo atrás, já beirando os oitenta. Não lembrou do meu rosto. Falei meu nome e
ela completou com o sobrenome. Disse, sorrindo, que jamais iria esquecer...
A sala em polvorosa. Quando ela, nervosa, gritou: - Vocês já sabem tudo e por isso não
ficam calados. Digam então... quando é que um ovo não está galado? Eu levantei
a mão e mandei de primeira - Quando é ovo de galinha solteira!
* *
Aos alunos com carinho!
ResponderExcluirQ linda a homenagem aos professores...
ResponderExcluirTão pressoal, real e poética...