Tão estranha, a Beatriz. Gostava de cheirar
papéis... Cadernos. Livros. Brochuras. Papel sulfite. Até folhetos de propaganda,
recém impressos. Cheiro forte. De tinta fresca. Chegava a franzir o nariz e a testa...
Depois,
começou a cheirar tecidos. Roupas. Lingeries.Vestidos. Novos e lavados, bem entendido... Ganhava de presente e cheirava, fechando docemente
seus olhos, apontando a cabeça para o alto. Apreciava ao máximo o olfato.
Mais estranho foi observar os elementos espalhados pelo seu quarto... Retratos virados, guardanapos usados e uma gaveta
velha, em cima da cama, com inúmeras cartas espalhadas por sobre os lençóis. Beatriz cheirava uma carta de cada vez e
depois, completava sem timidez... Sergio, almíscar! Olhos negros, andar macio,
mãos aveludadas. Passávamos as noites conversando até chegar a ciumenta madrugada. Então, ele partia e
me deixava embriagada. Fui, por dois anos, sua namorada.
E Beatriz cheirava
outra carta... Rogério, lavanda! Corpo de atleta, rosto europeu. Beijava doce.
Língua estrangeira, sorrateira, no meio dos lábios meus. Foi amor de verão.
Bastou, enquanto durou...
Celso, madeira! Rude e forte, me tocava de todas as maneiras. Na cama, no chão, na esteira. Rompemos em curtos dois meses. Muita fúria.
Muito ardente. Foi só paixão. Amor insuficiente...
E, antes que eu pudesse
perguntar à Beatriz se eram reais os namorados e supostos amantes, ela
apontou um novo frasco de perfume e disse, com estranhíssimo olhar : - esse acabou de chegar... Marcelo. Aviador, braços fortes... ele quer se casar!
Não posso aceitar. Alguns perfumes gostam de aprisionar...
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Acredita q me reconheci na BEATRIZ?
ResponderExcluirACREDITO NA IMPORTÂNCIA DOS CHEIROS. RS
E SUAS LEMBRANCAS.
CRÔNICA MAIS LINDA..ADOREI
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