Visitar um casario histórico colonial tem, para mim, um
efeito mágico. Traz à tona, na minha alma antiga ou na simples imaginação, algumas
verdades enterradas no solo do Brasil.
Em cada parede de pedra,
conchas e sambaquis, salta a energia dos antigos moradores,
além dos gemidos de escravos nas casas de masmorras no porão, que servem, hoje, de restaurantes locais, com ótimos peixes e a famosa ostra da região...
E assim foi, a rica e desbravadora visita à bela cidade de Cananéia, no litoral sul de
São Paulo, chamada de “ Cidade ilustre do Brasil” e muito parecida com Paraty no Rio de Janeiro... Cananéia foi o primeiro povoado brasileiro e segundo historiadores, Cosme Fernandes, o Bacharel de Cananéia, já estava por aquelas
bandas antes mesmo de Cabral.
Anos mais tarde, foi fazer o seu
comércio em São Vicente, a primeira Vila do Brasil, onde foi expulso por seus atos cruéis e desleais. Homem mau esse tal Bacharel... Mas Cananéia, jamais!
Lá tem ar
simples e bom. A maioria das casinhas coloniais está conservada. E dá pra ver
no telhado das casas, a divisão social daqueles tempos. Os ricos construíam o telhado de suas casas, com eira, beira e tribeira! Os mais pobres... Nem eira,
nem beira! Daí a expressão que retrata alguém sem posses. Sem ter onde cair
morto... Cuja casa só tem telhado. Sem eira, nem beira! A maioria é gente
simples mesmo, como os pescadores do local...
Conheci um morador que nos levou
para conhecer o sítio do Cardoso... Lá a
gente chega e escolhe o peixe que vai comer no almoço. Feito ali mesmo. No fogo. Escolhemos paraty e peixe galo. E saímos em direção à trilha de
bromélias e araçás que levava até o mar.
A praia rústica com armadilha indígena feita de gravetos para pegar peixes e os golfinhos no mar, davam a moldura exata da
natureza preservada. Foi lá que uma linda tartaruga marinha veio nos cumprimentar e dar
boas vindas!
Na volta, o peixe já frito, a cachaça forte de cataia e o pescador
de camarões contando causos do mar... Tudo simples a valer. Como a gente bem poderia
ser.
Sem besteira! Sem eira. Nem beira...
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Amo Cananéia , mas sou suspeita , com irmaos e cunhada morando lá!!!
ResponderExcluirAdoro amores "suspeitos" rs
ExcluirEstá aí Inês! Você transportou-me para Cananéia, cidade que ainda não conheço.
ResponderExcluirSomente a expressão "sem eira e nem beira", muito citada pelos meus pais. Mais uma vez, obrigada pela viagem!!!