Nunca gostei de fechar nada. Tampas, portas,
gavetas, canetas...
E durante muito tempo fiquei procurando uma justificativa
para esse desmazelo! Acabei encontrando... Não gosto de coisas encerradas. Finalizadas e trancadas!
Armários. Cadeados. Muros entre as casas. Elas me trazem a idéia de aprisionamento.
Sufoco.
Sempre, em meus melhores sonhos, imagino lugares amplos. Ambientes claros
e abertos que interagem. E com muito sol, de preferência!
O espaço largo
me agrada. Mas não que eu não tenha culpa em não fechar as coisas. Realmente
não sou boa nesse quesito. Canetas, por exemplo... Não só as deixo abertas,
como promovo uma verdadeira dança com elas. A minha vai parar na mesa do amigo. A do amigo vai para outra
sala. E por assim vai...
As tampinhas? Nunca sei onde deixei. Mas que tirei, tirei. Mea culpa, confesso! E sofro por isso.
Imagina a quantidade de vezes que tive que ouvir... Fecha essa tampa! E eu vou lá quietinha, resignada e fecho.
Mas não gosto, não. Imagina, então, a sensação de fechar um bar? Fechar uma
festa?... nem pensar!
Gosto de partir antes de acabar. E pensar que a festa vai
continuar. Ah, o inacabado, como é livre e reticente...
Por isso escolhi morar de frente pro mar, bem na garganta de São Vicente que desemboca
no mar aberto... Quando a vida apertar, sempre vou ter uma saída!
E assim, nessa mesma toada, a reencarnação me
cai bem. Nada de acabar por aqui e ponto final. Voltar várias vezes seria
perfeito! Viver novas vidas. Novas experiências. Outros personagens de mim, em mim mesma. E
depois, sim, morrer. Por que não? Sabendo que vou voltar!
Ah.. mas por favor,
na hora do caixão... não fecha a tampa !!!
* * * * *
Entendo.. Não fechem as tampas, por favor..RS
ResponderExcluirÓtimas explicações.. Rs