Era só eu cantar, para a chuva
parar. E eu repetia baixinho... Para
chuva, para... Para chuva, para... Até que ela fosse, lentamente, cessando. Eu, com meu pequeno canto, seguia acreditando dominar a natureza. Devia ter un cinco ou seis anos. Tempo de mágicas e algumas certezas...
Hoje não canto mais esse mantra de infância. Nem tenho mais os poderes de uma criança. Mas a minha relação com a chuva continua curiosa. Um misto de tristeza e louvação!
Hoje não canto mais esse mantra de infância. Nem tenho mais os poderes de uma criança. Mas a minha relação com a chuva continua curiosa. Um misto de tristeza e louvação!
É nos dias de inverno, frios e cinzentos,
de chuvinha miúda e contínua, que minha alma se encolhe. Úmida do nariz aos pés, não faço bem o café. Nem um sambinha
triste, sequer. Afino. Desafino. Tudo
adio. Nada termino. Espero a chuva passar... Mas sei que as sementes explodem, contentes. E minha alma se rende à beleza e ao poder das águas correntes...
A chuva de verão é a que mais gosto. Aquela que vem curta e grossa. Às vezes, bate nas costas. Com seus patacões quentes e
esparsos. Estouram na calçada e no asfalto, refrescando o calor e o abafo. Depois, vai embora, trazendo de volta o céu azul e o sol a brilhar. Com sorte, um arco-íris vem coroar...
Teve um dia que não consegui
fazer a chuva parar... Eu cantava na janela entreaberta e a chuva, arredia e esperta, não se deixava dominar. Meu irmão mais velho chegou atrevido para o mantra desencantar. E trocando a letra com total descrença, começou a cantar... Vem chuva, vem! Vem chuva, vem!
Pois não é que a chuva voltou? Forte e
intensa. Com gotas de desavença. Pingos de indignação! Que ato traiçoeiro. Chorei o dia inteiro. E foram os primeiros raios e trovões, entre
dois pequenos e amáveis irmãos.
Não é bom contrariar os deuses da chuva... Aposto que não!
Não é bom contrariar os deuses da chuva... Aposto que não!
O LIVRO FÍSICO DE CRÔNICAS "INESPLICANDO" ESTÁ À VENDA
NA LIVRARIA MARTINS FONTES DA AVENDIDA PAULISTA!
DÊ UM PULINHO lÁ E PEÇA!
Desde pequena, o amor pela poesia e pela natureza.. Inês Bari
ResponderExcluirUaaau, sublime e doce como chuva mansa!
ResponderExcluirQue leitura deliciosa para um dia de chuva! Bom domingo pra vc!
ResponderExcluirObrigada Luciana... e vamos aproveitando tudo que a natureza nos apresenta... chuva, vento, sol, belezas...
Excluir