Eram gelados os invernos em Vila Real, terra natal
de minha avó, em Portugal. Ela contava, com olhos marejados, que ajudava sua mãe
fazendo pães durante o outono. Depois de prontos, guardavam os nacos dentro
de um velho forno, embrulhados em um pano, para durarem todo o inverno. Tempo
duro. Como os pães, que tinham de resistir, às vezes, três ou quatro meses.
Deviam ser cascudas aquelas côdeas de pão, como ela chamava
os pedaços que alimentavam homens e mulheres que no campo trabalhavam. Eram tempos distantes. Norte de Portugal, antiga província de Trás-os-Montes! Ela
dizia... parece que foi ontem! Às vezes,
nevava. As mulheres recolocavam o pão em torno do forno, perto das brasas que
aqueciam a casa.
Fiquei com o pensamento em Portugal, naquele tempo
frio próximo ao Natal e nos pães quentes estalando em minha mente por muito
tempo. Imaginava os nacos de trigo sem muito gosto e fermento, mas com um bom
vinho tinto à mesa, servido em jarras de cerâmica portuguesa. Sentia o sabor familiar
das uvas, dos pães... da mãe da minha mãe.
Por isso, amo pão. Para mim, é sagrado! Bíblico. Gosto
de tudo que é jeito. Pão de peito. Pão quentinho. Pão na chapa. Torradinho. Pão
Italiano. Pão francês. Pão de leite. Pão de milho. Pão de cará. Pão branquinho.
Escurinho. Pão-de-ló, marronzinho. Pão, pão, pão, pão! Feito em casa, então? Com
suspense e emoção. Será que cresce ou não?
Quando criança, a grande
aventura era entrar em casa, arrancar um pedaço de pão e voltar pra rua devorando o naco roubado. Era
pão sozinho. Sem recheio no meinho. Se deixassem, eu beliscava a bisnaga inteirinha
na volta da padaria.
Meu primo era ainda mais apaixonado. Certo dia, na
volta do mercado, ele tinha um sauduíche engraçado. Três fatias de pão com nada
dentro. Que sanduíche é esse, Reinaldo? Sanduiche de pão! - O que tem dentro?
Pão com pão,mesmo!
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