Tinha palavra que não dava pra entender. Sílaba perdida. Letra comida. Verbo direto, envergando. Concordância “disconcordando”. Mas, soava tão singelo e gostoso que
desacelerava o coração. Era um pouco enfadonho. Mas, terapêutico e relaxante. Aliviando
a pressão do cotidiano estressante.
Visitar aquela gente do campo, na cidadezinha
“titiquinha” do interior, foi adentrar num universo particular. A calmaria abençoada vinha nos acompanhar. Principalmente, no jeito de falar.
Deu três dias naquele ambiente e a gente já arrastava a língua, no ritmo do gado ruminando o mato, pra lá e pra cá. Não
havia muita coisa a fazer no lugar. As caminhadas lentas, com cajado, relaxavam
o andar. Depois de uma semana de grama e leite quente, deu vontade na gente de
pegar o carro e se aventurar. Na estrada do nada. Só poeira avermelhada. Mato
dos dois lados. E uma indicação peculiar: depois dos “mata burro”, sempre “as dereita”. Vai dar em Guararema!
- Ceis vai passar no Lumbique do Déci? Traz
pra mim uma de Cambuci? Quase que entendi... Alambique virou Lumbique. O Décio,
pensei que fosse o décimo! E Cambuci era fruta, e não bairro de São Paulo. Mas
havia mesmo a birosquinha do Décio. A primeira da estradinha e tinha aguardente
docinha pra nos entorpecer.
Chegamos alegres na cidade e o povo foi
avisando.
- Vai na festa do Pinhão? – festa de que? Pinhão? Que
coisa boa, criatura. Deve ter fartura. Bolo de pinhão. Sorvete de pinhão. Suco
de pinhão. Pipoca com pinhão...
- Vamos sim, onde é? Dez quilômetros daqui, na estrada de asfalto. Saímos animados pra grande festa do Pinhão, com as diferentes iguarias na imaginação.
- Vamos sim, onde é? Dez quilômetros daqui, na estrada de asfalto. Saímos animados pra grande festa do Pinhão, com as diferentes iguarias na imaginação.
Ainda na estrada, se viam as luzes e gente chegando aos
bocados. Cavalos e pickups. Juntos e estacionados. Gente rica, gente pobre. Dono
de fazenda e luz dos holofotes. Na frente de toda a festança, a prova da nossa
lambança...
Nada de pinhão. Só uma faixa enorme: Bem-vindo à Festa do Peão! Peão boiadeiro! O que faz uma pronúncia...
Nada de pinhão. Só uma faixa enorme: Bem-vindo à Festa do Peão! Peão boiadeiro! O que faz uma pronúncia...
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Muito bom adorei
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirMuito bom. Me lembrei da história do sujeito da cidade que foi numa dessas cidadezinhas aí e viu uma placa dizendo: "Alfaiataria Aguia de Ouro".
ResponderExcluirQuerendo fazer a famosa crítica 'construtiva', entrou e disse pro alfaiate, um senhorzinho mirrado, com óculos na ponta do nariz:
- Meu senhor, está faltando um acento agudo na "águia" da sua placa!
E o alfaiate respondeu, com toda simplicidade caipira:
- Não é "águia", não. É "agúia", dessas de costurar... :)
Kkkk essa foi boa. Eu também sou uma eterna,caipira com muita honrra sim senho.
ExcluirAh, esse sotaque “caipirês”, deliciosamente gostoso de se ouvir! 👏🏻👏🏻👏🏻😘🌹
ResponderExcluirSó quem viveu na roca pode desvendar os misterios das palavras dos "caipiras".... Mas quando chegamos lá,
ResponderExcluirpercebemos que "caipiras" somos nos,
que não percebemos o quanto perdemos
de simplicidade para viver a vida...
Tá coberto de razão..sô! Obrigada pelo carinho e pela leitura.
ExcluirÉ muito bom ouvir o caipirês.
ResponderExcluirBão demais! Obrigada pela leitura...
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