O rio Una desce a serra para desaguar no cantinho do
mar. Escuro. Quase preto. Una. Como os indígenas o batizaram. Suas águas, negras,
chegam penetrando lentamente o oceano em faixas escuras e disformes, sem
contudo se misturar no verde claro do mar.
Do alto, as diferentes cores se distinguem. É
fácil enxergar. Claro aqui. Escuro acolá. Mas é de perto que o entremeio
nebuloso aparece. Ponto turvo. Onde as águas se entranham... Onde o rio não é
mais rio. E o mar, ainda não é mar. Nem doce, nem salgado. Meio termo. Sal adoçado.
Meio limbo. Meio aflição.
Que tipo de peixe vive lá? Dizem que as tainhas sobrevivem.
Suportam as maiores mudanças. De ambiente. De pressão. Aguentam firmes a exaustão.
Certamente irão mais longe desse jeito...
Sardinhas à direita. Robalos à esquerda.
Homens a pescar.
Lisas, as tainhas acenam
pra cá. Escapam pra lá. Para duramente chegar ao seu verdadeiro habitat! Fico
imaginando quantas vezes fazemos esse mesmo trajeto turvilíneo. Quantos mergulhos
em águas nebulosas. À procura do nosso lugar.
E seguimos, peixes urbanos, contra
fortes correntes e sob pressão. Por paisagens que não gostamos. Lugares que
não pertencemos. Gentes que não reconhecemos.
Feito tainhas, atravessamos.
Ligeiros. Sem nos deixar contaminar. Pois o maior risco dessa travessia, talvez
seja se acostumar. E viver, eternamente, no líquido insípido.
Daquilo que não é rio. Daquilo que nem é mar!
Daquilo que não é rio. Daquilo que nem é mar!
Sejamos esses peixes. Fortes e valentes. Em frente...
* *
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Verdade Inês.. Será q assim é a vida mesmo?
ResponderExcluirAdorei,
E assim vamos "nadando", seja lá pra onde for.
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