Eram
três pontinhos pretos. No chão de porcelana da sala. Demorei alguns segundos para
perceber que eram filhotes. Minúsculos filhotes de corruíra. Ou curruíra, tanto faz. Desajeitados. Miúdos. Completamente reféns. Os
móveis pesados por todos os lados davam a exata dimensão daquela fragilidade
viva. O que faziam na minha sala? Podiam ter morrido tragicamente num triste
acaso, pisoteados.
Catei os bichinhos, um a um na palma da mão. Sentindo o pulsar pequeno e gigante de emoção. Sempre tem um que é mais esperto. Dá um baile. Tenta fugir... - Vem aqui, vem danado. Enfim, consegui! Caíram do ninho redondinho. Construído no meio do meu bambu mossô. Ninho na varanda. No terceiro andar. Prédio de apartamento. Caíram mesmo? Ou saíram para um passeio? Tinham que voltar. Tanta ousadia, a mãe corruíra não iria gostar...
Tive vontade, um dia, de criar pássaros em casa. Ganhei dois canários. Depois mais dois. Comprava ninho. Comida. Pedra de cálcio. Barrinha de gergelim. Tudo que pudesse ajudar. Depois juntava o casal e teimava em cercar. Queria ver de perto o mágico procriar. Mas nem por milagre! Nunca. Nenhum ovo conseguiu vingar.
Há anos não tenho pássaros presos na
gaiola. Cresci o suficiente para não prender mais nada. Nem ninguém. Deus
decide o que é pra nascer. E essa agora! Três bebês corruíras entrando e
saindo da minha sala. Lindos e atrevidos. Destemidos. Vieram sem perguntar. Vivem
no meu lar.
Aproveito cada momento. Em breve não irão mais voltar. Não importa. Aprendi o jeito maior de amar. Ter
por perto. Deixando livre... para voar!
* *
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Uaaaau, adorei! Ines mostra delicadeza e maturidade! Lindo de se imaginar! 🌹👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirTão lindo! Aqui em casa, recentemente, um passarinho começou a construir um ninho no meio dos galhos de um cacto. Eu fiquei animada. Fiquei uns dois dias sem olhar e... quando fui ver, nem sinal do ninho. Creio que ele encontrou um lugar mais confortável e se mudou!
ResponderExcluirVeio dar um "oizinho"... qualquer hora volta! Abraço Lais!
ExcluirMe emocionou pensar nos pequenos corruíras..
ResponderExcluirInês... se superando... delícia de ler, gostoso de se imaginar..
Amei.
Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirCurto muito seus contos, às vezes, eu compartilho,um ou outro, na minha página do Facebook. Viajo pela imagens que você desenha e sinto as emicoes, como se presenciasse o fato.
ResponderExcluirObrigada, Angelica, pelo carinho e pela leitura!
ExcluirVisite-me qq dia! blogdaangelicaluz.blogspot.com
ResponderExcluirVou visitar sim! beijos
ExcluirComo cuidar e alimentar filhote deste passarinho
ResponderExcluirDe volta ao ninho... a mãe curruira... saberá... rs
ResponderExcluirComo vc alimentou eles? Tbm achei um
ResponderExcluirOque eles comen eu tanben encontrei um
ResponderExcluirHoje tive a felicidade da presença de um ser alado no meu quintal.
ResponderExcluirRegistrei mas não identifiquei a ave, ai notei que tem uma anilha na perna direita.
Tava com sede.
Foi embora!