A casa da minha infância continua intacta. Dentro de
mim. Visito de vez em quando os seus aposentos...
O meu antigo quarto, por
exemplo. Tem a cama pequena e os bichinhos espalhados. Chego a sentir o hálito
quente da minha mãe se aproximando. Ajeitando o cobertor. Dobrando lentamente,
até aconchegar o pescoço. Dando um beijo suave em meu rosto.
Tem também o
quarto principal. Do casal. Nele meu pai ainda vive. Está lá. Há anos. É mais
jovem. Ainda com cabelos. Topete loiro. Dorme sempre depois do almoço. Às vezes, abro a porta e não faço barulho. Ouço o seu ronco profundo. Saio sorrindo, com a
sensação de um amor seguro.
A sala da casa é enorme. Mas também cabe dentro de
mim. Lá tenho os brinquedos ainda espalhados e a cachorra sempre ao lado. Volto
nela quando a vida fica séria e eu preciso brincar...
Na cozinha, minha mãe. Jovem
e alegre. Está sempre cantando. Ouço sua voz e o barulho das louças sendo lavadas.
Sinto o cheiro da eterna macarronada. Aquela de todo domingo. Com gosto de família.
Risos do irmão mais novo e sua garotada. Comidas simples. Bifes, sucos, queijo
com goiabada.
E por último, tem o quarto do meu irmão mais velho. Só de vez em
quando eu vou lá. É um quarto meio escondido. Levei a chave para ele não
escapar. Como fez um dia aqui fora e nos deixou para sempre... Agora ele vive lá
dentro. São e salvo no seu leito. Canto esquerdo do meu peito.
Um dia, talvez a
lembrança da casa vá saindo. Outras portas irão se abrindo. Novos aposentos que
irei abrigar...
Mas se um dia, já bem velhinha, a saudade vier apertar, volto pra
casa da infância. Lá tenho toda a família reunida.
E a minha caminha pequena,
para enfim, por fim, me deitar...
* * *
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VOLTE SEMPRE...
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Chorei.. me emocionou demais.
ResponderExcluirNossa, a casa da nossa infância parecem enormes, na nossa lembrança, prá guardar tantas recordações! Revivi muitas, hoje! Beijos! 🌹
ResponderExcluirSeu texto é fantástico, Inês! Você Tem no dom de nos transportar a um passado feliz! Adorei!!!!
ResponderExcluirDe novo me emocionando..
ResponderExcluirEu tb guardo no lado esquerdo do peito, a casa de minha infância, meus jovens pais q na época, nem me pareciam jovens.. rs
Minha pequenina irmã, nessa casa de minha infância.. guardo no lado esquerdo do peito tb a casa de minha mocidade, meus primeiros tempos de adulta, ao lado de meu eterno e primeiro companheiro..
Q sumiu de nossas vistas , mas qpermanece sempre, em meu coração e mente.
Que bom... meu DNA sorriu, contente...
ExcluirTotalmente lindo!
ResponderExcluirObrigada pela leitura... pelo carinho!
ExcluirLindo retornar a infância e conseguir transmitir essa emoção em um texto...parabéns
ResponderExcluirObrigada pelo carinho!
ExcluirSensacional !!! Fui ¨tele transportado¨ por alguns segundos vivendo momentos maravilhosos !!!
ResponderExcluirBora !!! O bom disso tudo é que ainda estamos aqui, e com certeza muitos momentos como esse podemos construir ...
Que lindo e emocionante!
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