Muito mais do que os carros e as construções centenárias, o que
mais me fascina é olhar as pessoas perpetuadas nas imagens. Ficarão por lá. Eternamente
nas fotos! Congeladas em papeis
fotográficos. Enquanto eles resistirem ao tempo...
Muitas das pessoas flagradas,
certamente já se foram. São fantasmas nas fotos. Sobrevivem apenas ali, na
imagem capturada. O curioso é que a maioria delas, registradas ao léu, usava
chapéu!
Homens e mulheres de chapéu. Até as crianças usavam chapéu. Meninas com
casaquinhos de tricô, vestidos de renda e chapéu. Meninos de terno, lenço e chapéu!
Pequeninos homens, tamanha seriedade de seus rostos. Nem pareciam garotos. Tinham
a elegância dos antigos moços...
E nas fotos de praia, a rigidez de sempre. Nada que saltasse
muito à vista. Retratos de uma sociedade pra lá de machista. Mulheres comportadas
e inteiramente vestidas. Em países vizinhos, havia uma espécie de fiscal que media a altura entre os joelhos e o traje de banho( foto). Passando de quinze centímetros, multada pelo assanho! Já os homens podiam mais. Alegres e animados, com seus maiôs pretos ou
listrados. Todos, igualmente, congelados!
E como devia ser difícil tirar foto naquele tempo...
Tinha que ter um bom equipamento. Máquina profissional. E cara! Kodak era coisa
rara. O fotógrafo tirava as chapas. Os negativos iam pro laboratório. E depois
de minutos no quarto escuro, mergulhados numa bacia com um produto químico e
luz vermelha, os fantasmas iam aparecendo no papel, lentamente...
Mal sabiam que
ficariam presos ali, eternamente! Ou até
que as traças da gaveta os encontrassem. As traças adoram as fotos antigas...
E se fartam, comendo um a um, os fantasmas e seus chapéus!
E se fartam, comendo um a um, os fantasmas e seus chapéus!
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