As linhas retas são diretas. Sem vai e vem. Mas são
as curvas que me encantam. As curvas me fazem bem.
As retas são objetivas.
Chegam direto ao ponto. Mas as curvas trazem emoção em cada volteio. Leveza.
Balé. Desenho!
É por isso que meus olhos preferem as curvas. As curvas dos
edifícios antigos, por exemplo. Aqueles prédios arredondados. De rampas longas
e azulejos vazados. Anos cinquenta. Sessenta, talvez. Meu olhar se curva, diante daquelas curvas. Maleável doçura. Romântica arquitetura!
Mas tem outras curvas tão lindas
e incertas por aí... A curva do rio, que nos tira a certeza de onde ir. Mistério da vida. O eterno fluir...
A curva da estrada que pode dar em glória. Ou cilada. Vem um precipício? Ou um ponto de chegada? As curvas não definem nada. As curvas tentam.
Desorientam. Atiçam. Mas fazem sorrir...
E as curvas dos corpos? Sensualmente belas. A
silhueta roliça das pernas. Dos seios. Dos entre meios. Curvas de prazer e tentação.
E a mais profunda delas, feita de paixão: a curva da aorta. Porta do coração!
São lindas as curvas das ruas. Das praças. Rotundas. Levaria horas descrevendo... Curvas por todos
os lados. A curva do laranjinha e a do S de Interlagos. A curva da retina e da
lente de contato. A curva do arco da Torre Eiffel. E das fases da lua no céu. A curva da
banana. Da serpente caninana. Da montanha. E da Terra, repleta de contornos e encantos.
No entanto, me contento em
descer a Serra... nas curvas da estrada de Santos...
Crônica presente no livro Inesplicando Vol.1 À venda na Livraria Cultura e Martins Fontes.
Nunca tinha pensado nesse assuntos das curvAS.RS
ResponderExcluiraDOREI.