“... o
mar é um ótimo papo, sabe escutar e
guardar segredos pra sempre...”
Lindo de ler! Lindo de ver...
Tem horas que a gente não está pra coisas muito densas
e profundas. A vida anda tão carrancuda... O mundo, conturbado. Pra esses
momentos que buscamos um pouco de leveza e um toque de beleza, nada melhor do
que viajar nas páginas do livro “ Carnet de Voyage”. São 24 mini crônicas,
acompanhados de belíssimos desenhos, que colorem cada cenário visitado pelo
autor. Textos pequenos e deliciosos. Uma mistura perfeita! Afinal, à espera da
terceira idade, como o próprio autor se declara, o escritor, músico e artista
carioca Edgar Duvivier mostra sinais maduros de quem aprendeu saborosamente com
a vida, o que é um bom cardápio... " escolher uma viagem é, as vezes, como
escolher um prato de um restaurante que você já conhece. O apelo de repetir o
que a gente gosta é grande, e acaba que muitas vezes, repetimos o prato.”
E ele repete mesmo. Sem pudor... “ sempre que posso volto a França... como um pombo volta pra casa.”
Comparando a vida, com grata simplicidade “... uma espécie de Carnet de Voyage. Um
livro em branco onde vão se escrevendo histórias, se pintando quadros e
guardando retratos.”
Longe de ser
um guia turístico dos locais por onde passou, o livro de Duvivier é o registro
de alguns lugares que ficaram na sua memória, nem sempre por serem os melhores,
ou mais bonitos, mas por terem, de alguma forma, deixado uma marca... Assim
foram, Roma “ onde você vê mais
esculturas que gente...”, Lisboa “ é
como visitar a casa da nossa avó”, New York “A menos americana” e “a mais americana do mundo”, Patagônia “ whisky on the rocks com pedras de gelo
milenares”, Cuzco "No trem, entre porcos, galinhas, índios e
turistas..” ,
Parada Filgueiras.,. “ Quando algum dia eu não vir mais nada, acho que estarei ainda vendo o
sol nascer em Parada Filgueiras...”
E, vários outros locais exóticos, como Canal de St
Martin, Boulder, Ilha da Madeira, São Domingos... Sem faltar, é claro, o seu
Rio de Janeiro, por quem o autor se confessa apaixonado, “apesar de tudo”. Daí, talvez, o olhar poético sobre as favelas... “Quando
escurece e as luzes se acendem no morro, as favelas dão de presente pra cidade
um tesouro de jóias que brilham sob as curvas escuras das montanhas adormecidas”.
Ou ainda, derramado sobre as praias cariocas...“ a praia do Arpoador é a praia em si!
É deste jeito que “Carnet de Voyage” nos encanta e delicia. Como
um leve e breve passeio olhando belas paisagens. Obra de um autor maduro, que
divide com o leitor, seus desenhos, memórias e seu olhar poético. Sensibilidade
que alcança além das emoções e experiências individuais, provocando ternura
naquele que lê! Como em seu último
conto, o retrato delicado da mãe aos noventa anos, caminhando na praia rumo ao
futuro, incerto...“ o medo da morte está
na razão, o instinto sabe que tudo é um fluir!”
Carnet de Voyage flui deliciosamente bem. Um livro
lindo de ler! Lindo de ver!
Livro:
Carnet de Voyage
Autor: Edgard Duvivier
Publicação:
Julho de 2015
Número
de Páginas: 60
Coleção:
Passos Perdidos
Gênero:
Crônicas
Obrigado. Adorei. Fico feliz em poder alcançar as pessoas, é como atravessar alguma distância no mar e chegar em uma ilha cheia de mistério.
ResponderExcluirPrazer todo meu,caro Edgar, em resenhar este seu delícioso livro!
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