Páginas

sábado, 18 de novembro de 2017

QUANDO EU PAGAVA MEIA...


O nome era cine Universo. Tinha o teto retrátil. O que era muito mais interessante que a maioria dos filmes que passavam.
Era mágico e excitante ver aquele portal gigante abrindo lentamente no final de cada sessão. E tinha sempre um noticiário em branco e preto antes dos filmes. O Primo Carbonari, com trilha orquestrada e notícias em voz padrão. E o Canal 100, mostrando cinematograficamente um clássico no Maracanã apinhado de gente. Eu gostava daquele balé de pernas, filmadas de baixo pra cima, driblando e passando a bola em “slow motion”.
A maioria dos cinemas da época apresentava sessões duplas. “Dio Come te amo” era batata, antes da estreia de um novo filme, deixando ainda mais romântica a adolescência paulistana. Ninguém reclamava. Tudo era cinema! Cada qual com sua magia. E chatos dos lanterninhas...
Gazeta, Gazetinha e Gazetão eram vizinhos dos famosos cursinhos. Fontana e sua sessão tripla no Brás. Copan e Belas Artes, o cinema dos artistas. Bijou, Olido, Marabá. Cada um com o seu charme e beleza. E todos com o mesmo cheiro de aromatizante. Pipoca amanteigada e refrigerante. 
Cines de som horroroso. Cadeiras de madeira e duro encosto. Por onde deslizavam chaves e carteiras. E depois de sentar, a estranha mania de observar... A mulher mais nova e o senhor sem cabelo. O homem magro, de rosto vermelho. A mulher que saiu do cabeleireiro. Eduardos e Mônicas, sem moto, sem camelo...
Tudo num cenário mais antigo. Na sessão, vários amigos. E o cara gigante que sentava na nossa frente roubando parte da legenda e da nossa paciência.
Coisa de cinema. Tudo encantava. Mas o cine Universo superava. Quando não chovia, o enorme teto se abria. Para que até os anjinhos, lá de cima, dessem uma entradinha. Pura cortesia!  
  
 ********************************************************

Para os que conheceram o Cine Universo e (ou) para os 
curiosos e interessados... 
segue abaixo o link para a visita virtual ao antigo Cinema!
Vale a pena...
http//:www.itaucultural.org.br/faca-um-passeio-pelo-cine-universo-projetado-por-rino-levi

OBRIGADA POR VISITAR O BLOGUE INESPLICANDO!

11 comentários:

  1. Como bem me lembrou, Roberto Bicelli... O Canal 100 foi um cinejornal brasileiro. Fundado em 1957 por Carlos Niemeyer, inicialmente com o nome "Lider Cinematográfica", funcionou até 2000. Com sede no Rio de Janeiro, o cinejornal era exibido semanalmente por todo o Brasil e realizava sobretudo documentários cinematográficos de eventos importantes do país e do futebol.
    Tornou-se conhecido pela qualidade da filmagem dos jogos de futebol com uma visão documental e uma narrativa dramática. Teve um cinegrafista particularmente famoso, Francisco Torturra. De seu acervo foram realizados vários filmes de longa metragem, como Brasil Bom de Bola e Futebol Total. Obrigada Roberto, pela contribuição!

    ResponderExcluir
  2. Nossa quanta saudades....bons tempos de pagar meia ...Saudades daquele bairro do Brás de nossa infância e juventude...bjs e obrigado pelas recordações

    ResponderExcluir
  3. Nossa! Como me lembro do Universo, do Roxy...

    ResponderExcluir
  4. Q saudades..
    No bairro onde nasci (Tucuruvi) havia os Cines Fidalgo e Valparaízo, onde íamos de vez em qdo pq era carinho p/ quem tinha tão pouco.. rs
    Qdo me mudei p/ o Brás, fomos conhecer o gigantesco Cine Universo.. enorme, meio escuro. E fui ver um filme de terror, bem apropriado.. rs
    Eu adorava.. Sinto saudades do Canal 100, do Primo.
    Carbonari, dos cheiros de mofo c/ aromatizantes, de ver dois filmes pagando um só...
    Lindas lembranças.

    ResponderExcluir
  5. Saudades... Tinha a sessão de desenhos no Domingo, que meu pai me levava, depois construíram um prédio em cima e acabou aquele mágica, chegava de tarde e ia embora com o luar... Canal 100, noticias da seleção e dos clássicos de futebol... Mas lembro de ficar vendo meu pai comigo com os olhos iluminados pela luz da tela ... Também dos cinemas no centro, Largo do Arouche e o dia em que fui assistir 2001 uma odisseia no espaço... Obrigado pelas lembranças e pela imagem do teto que me fazia voar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada querido Guido, pela leitura e pelo carinho... Nós íamos até o céu quando aquele teto mágico se abria...bjs

      Excluir
  6. Muito legal essa volta ao passado. Quanta emoção das crianças e adolescentes na fila pra ver aquele filme... me fez lembrar os cinemas da minha cidade, Santos.

    ResponderExcluir
  7. Saudade mesmo, vizinha. Belas lembranças dos tempos de criança e adolescente, Acostumado a frequentar cinemas de bairro na época, fiquei deslumbrado quando entrei no recém-inaugurado Indaiá para assistir os 10 Mandamentos, com Charlton Heston. Era o cinema em atingindo o seu mais alto nível na época, em Santos.Tudo perfeito: o cheirinho de novo, o som estereofônico, as cadeiras estofadas, a limpeza impecável, os versos de Martins Fontes nas paredes e, é claro, o filme. Também gostava muito acompanhar os lances de futebol em câmera lenta do no Canal 100. Um show à parte. Era legal ver o leão da Metro urrando e enxotar o Condor quando ele aparecia na tela. De lá pra cá muita coisa mudou, mas o glamour de uma sessão de cinema se mantém firme, proporcionando sensações variadas que incluem alegria, aventura, diversão, romantismo e emoção. Não sabemos o que pode surgir no futuro mas, até agora, na minha opinião, o cinema, com sua telona, é insubstituível. Parabéns pelo texto, brilhante como sempre.

    ResponderExcluir
  8. Sim, querido vizinho... nada se compara à telona, em especial para alguns filmes... Você citou Charlton Heston...e me veio na mente a cena da corrida de bigas que me deixou em êxtase no cinema... e outros tantos momentos... Ver o final épico do Gladiador com aquele tema maravilhoso "We are free" e a interpretação fantástica do Russell Crowe... também me tocou lá no fundo... Cada mídia com seu charme e encanto. Mas no cinema... tudo é maior!

    ResponderExcluir