O nome era cine Universo. Tinha o teto retrátil. O
que era muito mais interessante que a maioria dos filmes que passavam.
Era
mágico e excitante ver aquele portal gigante abrindo lentamente no final de
cada sessão. E tinha sempre um noticiário em branco e preto antes dos filmes.
O Primo Carbonari, com trilha orquestrada e notícias em voz padrão. E o Canal 100, mostrando cinematograficamente um clássico no Maracanã
apinhado de gente. Eu gostava daquele balé de pernas,
filmadas de baixo pra cima, driblando e passando a bola em “slow motion”.
A maioria dos cinemas da época apresentava sessões duplas.
“Dio Come te amo” era batata, antes da estreia de um novo filme, deixando ainda
mais romântica a adolescência paulistana. Ninguém reclamava. Tudo era cinema! Cada qual com sua magia. E chatos dos lanterninhas...
Gazeta, Gazetinha e Gazetão eram vizinhos dos famosos cursinhos. Fontana e sua sessão tripla no Brás. Copan e Belas
Artes, o cinema dos artistas. Bijou, Olido, Marabá. Cada um com o seu charme e beleza. E todos com o mesmo cheiro de aromatizante. Pipoca amanteigada e refrigerante.
Cines de
som horroroso. Cadeiras de madeira e duro encosto. Por onde deslizavam chaves e
carteiras. E depois de sentar, a estranha mania de observar... A mulher mais nova e o senhor sem cabelo. O
homem magro, de rosto vermelho. A mulher que saiu do cabeleireiro. Eduardos
e Mônicas, sem moto, sem camelo...
Tudo num cenário mais antigo. Na sessão, vários amigos. E o cara gigante que sentava na nossa frente roubando parte
da legenda e da nossa paciência.
Coisa de cinema. Tudo encantava. Mas o cine Universo superava. Quando não
chovia, o enorme teto se abria. Para que até os anjinhos, lá de cima, dessem uma
entradinha. Pura cortesia!
Para os que conheceram o Cine Universo e (ou) para os
curiosos e interessados...
segue abaixo o link para a visita virtual ao antigo Cinema!
Como bem me lembrou, Roberto Bicelli... O Canal 100 foi um cinejornal brasileiro. Fundado em 1957 por Carlos Niemeyer, inicialmente com o nome "Lider Cinematográfica", funcionou até 2000. Com sede no Rio de Janeiro, o cinejornal era exibido semanalmente por todo o Brasil e realizava sobretudo documentários cinematográficos de eventos importantes do país e do futebol.
ResponderExcluirTornou-se conhecido pela qualidade da filmagem dos jogos de futebol com uma visão documental e uma narrativa dramática. Teve um cinegrafista particularmente famoso, Francisco Torturra. De seu acervo foram realizados vários filmes de longa metragem, como Brasil Bom de Bola e Futebol Total. Obrigada Roberto, pela contribuição!
E....Obrigada Inês, pela contribuição!
ExcluirNossa quanta saudades....bons tempos de pagar meia ...Saudades daquele bairro do Brás de nossa infância e juventude...bjs e obrigado pelas recordações
ResponderExcluirE dois filmes por sessão... rs Beijos, Denise!
ExcluirNossa! Como me lembro do Universo, do Roxy...
ResponderExcluirQ saudades..
ResponderExcluirNo bairro onde nasci (Tucuruvi) havia os Cines Fidalgo e Valparaízo, onde íamos de vez em qdo pq era carinho p/ quem tinha tão pouco.. rs
Qdo me mudei p/ o Brás, fomos conhecer o gigantesco Cine Universo.. enorme, meio escuro. E fui ver um filme de terror, bem apropriado.. rs
Eu adorava.. Sinto saudades do Canal 100, do Primo.
Carbonari, dos cheiros de mofo c/ aromatizantes, de ver dois filmes pagando um só...
Lindas lembranças.
Saudades... Tinha a sessão de desenhos no Domingo, que meu pai me levava, depois construíram um prédio em cima e acabou aquele mágica, chegava de tarde e ia embora com o luar... Canal 100, noticias da seleção e dos clássicos de futebol... Mas lembro de ficar vendo meu pai comigo com os olhos iluminados pela luz da tela ... Também dos cinemas no centro, Largo do Arouche e o dia em que fui assistir 2001 uma odisseia no espaço... Obrigado pelas lembranças e pela imagem do teto que me fazia voar.
ResponderExcluirObrigada querido Guido, pela leitura e pelo carinho... Nós íamos até o céu quando aquele teto mágico se abria...bjs
ExcluirMuito legal essa volta ao passado. Quanta emoção das crianças e adolescentes na fila pra ver aquele filme... me fez lembrar os cinemas da minha cidade, Santos.
ResponderExcluirSaudade mesmo, vizinha. Belas lembranças dos tempos de criança e adolescente, Acostumado a frequentar cinemas de bairro na época, fiquei deslumbrado quando entrei no recém-inaugurado Indaiá para assistir os 10 Mandamentos, com Charlton Heston. Era o cinema em atingindo o seu mais alto nível na época, em Santos.Tudo perfeito: o cheirinho de novo, o som estereofônico, as cadeiras estofadas, a limpeza impecável, os versos de Martins Fontes nas paredes e, é claro, o filme. Também gostava muito acompanhar os lances de futebol em câmera lenta do no Canal 100. Um show à parte. Era legal ver o leão da Metro urrando e enxotar o Condor quando ele aparecia na tela. De lá pra cá muita coisa mudou, mas o glamour de uma sessão de cinema se mantém firme, proporcionando sensações variadas que incluem alegria, aventura, diversão, romantismo e emoção. Não sabemos o que pode surgir no futuro mas, até agora, na minha opinião, o cinema, com sua telona, é insubstituível. Parabéns pelo texto, brilhante como sempre.
ResponderExcluirSim, querido vizinho... nada se compara à telona, em especial para alguns filmes... Você citou Charlton Heston...e me veio na mente a cena da corrida de bigas que me deixou em êxtase no cinema... e outros tantos momentos... Ver o final épico do Gladiador com aquele tema maravilhoso "We are free" e a interpretação fantástica do Russell Crowe... também me tocou lá no fundo... Cada mídia com seu charme e encanto. Mas no cinema... tudo é maior!
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