Alguns permanecem no mesmo lugar. Há décadas...
Tomam sol. Tomam chuva. Só a paisagem é que muda. Eles continuam mudos. Mas
tenho lá minhas dúvidas, se não ouvem tudo que se passa. Pobres bancos das ruas
e das praças. Como deve ser torturante...
Milhares de pessoas se sentam. Conversam
e se deitam em seus acolhedores assentos. Imagino as conversas
truncadas e sem desfecho. Papos interessantes
que dão cabo com frases curtas, cortantes... - Olha o ônibus! Vamos? E o banco, coitado,
sem nada concluído, vê de longe os recém amigos partindo...
Os bancos são referência. São abrigo.
Dos velhos cansados. Dos aflitos. Dos amantes. Dos solitários e esquecidos. Os
bancos ouvem toda essa gente. Ouvem a crente e sua novena. Ouvem a intriga da
loira com a morena. Ouvem os lamentos das viúvas. Pais e filhos com suas dúvidas. Senhoras e seus cãezinhos. Mendigos e pivetinhos. Tudo com tempo
determinado. E nenhum assunto finalizado...
As cozinheiras trocam
receitas inteiras e na hora de contar o segredo, falam baixinho... -Vamos
andando. Eu te conto no caminho! Ninguém
pensa no pobre banco. Que ganha rabiscos, mais que carinhos!
No entanto, o que mais deve incomodar aos
velhos assentos, são os casais briguentos que nele se encontram e se sentam. Ah,
se pudessem dizer que isso tudo é uma grande bobagem... Que os dois, mais tarde,
voltarão ao banco e quem sabe, se sentarão sozinhos e cansados, procurando o amor
do passado. Era melhor que tivessem ocupados com beijos e abraços, sexo e
embaraço! Mas não. No seu silêncio
sepulcral, os bancos não dão conselhos. Nem sabem o final.
Mas tenho certeza
que eles ouvem. E se pudessem falar, sairiam correndo atrás de quem seguiu
andando e pediriam suplicando: Conta pra mim?
Pelo menos uma vez... o fim?
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Os bancos...que nos recebem para o descanso das pernas e da alma. Que nos fazem contemplar a natureza e o corre-corre das pessoas. Que nunca reclamam do nosso peso, das nossas angústias. Sempre ali, quietinhos, para mim, para você, para todos, né vizinha?.
ResponderExcluirSeu texto, reportou-me a um banco, nunca solitário, com um ilustre escritor sentado, que por ironia, nem um ou outro, podem escutar-se mutuamente, embora desperte em nós a tremenda vontade de que ganhassem vida. Ah nosso Carlos Drumond de Andrade, a Av. Atlântica não seria a mesma, sem vocês dois!
ResponderExcluirBem lembrado, Marcia... E que papo gostoso seria com Drumond...ficaria sentada horas e horas!bj
ExcluirUaaau, bancos, testemunhas mudas de tantas conversas! Muito bem descritos, aqui! Beijos!
ResponderExcluirVoce nos brinda com a Alma do seres inanimados.... que visao maravilhosa saber ouvir os pensamentos dos que nao falam....
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