Talvez residam lá há séculos, num arquivo vivo ancestral. Lembro de cheiros dos tempos da escola. O cheiro do caderno novinho e
suas páginas intactas. Cheiro de papel bom. Eu rodava as páginas com
as mãos para sentir o vento no rosto. Cheiro branco. Gostoso. Da
brochura a desabrochar.
Bom também era o cheiro da borracha verde qua apagava o lápis. Macia e diferente da borracha de caneta. Metade azul, metade vermelha. Dura e rasurenta. Quem é que não furou um papel assim? Era preciso experiência e bom olfato para distinguir o cheiro exato das duas borrachas. E a serragem com grafite ficava presa no apontador. Acabava na ponta do nariz na hora do assoprar... feliz.
São incontáveis os cheiros da infância. Cheiros de criança. Alguns azedos e passados. A laranjada que escorria dentro da lancheira encharcada. O cheiro de xixi na calça, quando pingava. E da massinha de modelar que nos dedos grudava.
Havia cheiros maravilhosos, como o dos jasmins ao lado do colégio, na casa da Dona Joaquina. O cheiro do queijo torrado na chapa que vinha da cantina. E no intervalo das aulas, na porta da escola, o árabe de boina abria sua sacola de lona e eu sentia o cheiro das esfihas empilhadas. Incrivelmente perfumadas. Ele cortava e espremia o limão e o cheiro cítrico ficava em nossas mãos até o final das aulas.
Mas o cheiro que me enche de ternura de um jeito úmido e impregnado é o cheiro do chão molhado. Depois da chuva dos dias quentes de verão...
Bom também era o cheiro da borracha verde qua apagava o lápis. Macia e diferente da borracha de caneta. Metade azul, metade vermelha. Dura e rasurenta. Quem é que não furou um papel assim? Era preciso experiência e bom olfato para distinguir o cheiro exato das duas borrachas. E a serragem com grafite ficava presa no apontador. Acabava na ponta do nariz na hora do assoprar... feliz.
São incontáveis os cheiros da infância. Cheiros de criança. Alguns azedos e passados. A laranjada que escorria dentro da lancheira encharcada. O cheiro de xixi na calça, quando pingava. E da massinha de modelar que nos dedos grudava.
Havia cheiros maravilhosos, como o dos jasmins ao lado do colégio, na casa da Dona Joaquina. O cheiro do queijo torrado na chapa que vinha da cantina. E no intervalo das aulas, na porta da escola, o árabe de boina abria sua sacola de lona e eu sentia o cheiro das esfihas empilhadas. Incrivelmente perfumadas. Ele cortava e espremia o limão e o cheiro cítrico ficava em nossas mãos até o final das aulas.
Mas o cheiro que me enche de ternura de um jeito úmido e impregnado é o cheiro do chão molhado. Depois da chuva dos dias quentes de verão...
É o cheiro que vem da calçada. Das gotas grandes
que batem no chão e molham rapidamente as ruas e praças.
Depois de um tempo, a chuva vai embora, a água evapora e sobe lentamente o cheiro de chão quente.
Ele invade a minha mente e inunda os meus
olhos e a minha alma carente, com um leve vapor de saudade!
* * *
OBRIGADA POR VISITAR O BLOGUE!
Perfeita!!! Victor
ResponderExcluirMuito bom!!! Curto demais estes aromas que nos levam à infância. Lindo texto
ResponderExcluirVerdade verdadeira lembrar de tudo isso, cheiros e sabores !!! nao perdemos essas lembranças. Um cheiro que me lembro era qdo minha Mãe fritava bolinhos de bacalhau que só ela sabia fazer !!!!
ResponderExcluirVerdadeiramente restaurador é o cheiro de mato molhado. Chuva rega, chuva limpa, chuva revive. Cheiro de chuva é cheiro de vida! Ótimo texto Inês.
ResponderExcluirTinhamos ainda o cheiro de álcool das provas em mimeógrafos. O cheiro do pincel atômico, para poucos destemidos a cheira-lo. Gostosa viagem nos sentimentos...
ResponderExcluirTinhamos ainda o cheiro de álcool das provas em mimeógrafos. O cheiro do pincel atômico, para poucos destemidos a cheira-lo. Gostosa viagem nos sentimentos...
ResponderExcluirTexto maravilhoso, que faz com que realmente ocorra uma viagem no tempo. Parabéns! Obrigado pelo incentivo a cultura em nosso país! "Inesplicando" o inexplicável...rs
ResponderExcluirObrigada Alberto! Pela leitura e pelo espaço para a arte e a cultura na TOpTV Social Media!
ExcluirUaaaau, a Ines nos “transporta” ao passado, trazendo à lembrança cheiros hà muito esquecidos! Viagem deliciosa! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻🌹😘
ResponderExcluir