A estrada era bucólica. Vaquinhas aqui e ali, espalhadas pelo pasto verdinho
das fazendas e o chacoalho vagaroso dos vagões davam um ritmo sonolento ao belo e calmo passeio.
Pra falar a verdade, um certo tédio chegava de fininho, bem mineirinho durante o trajeto. Até que o trem finalmente chegou ao seu destino.
Foi breve a nossa visita a bela São João Del Rei, com paradas no museu, Igreja, cemitério ao lado, fotos no banco com a estátua de Tancredo sentado e um calórico almoço caseiro, com tutu, couve mineira e feijão tropeiro. Terminamos com boa cachaça na última gastronômica atração da praça.
Subimos novamente na Maria Fumaça. Dali pra
frente, só trilhos e dormentes, até chegar na estação final em Tiradentes que terminava numa porção pequena de terra.
Os turistas desceram falantes na estação com seus celulares a mão para registrar a rústica exibição. Cinco operários, fortes e sincronizados, começaram o pesado exercício diário. Girar em 180 graus, sob um circulo de trilhos, a grande locomotiva que puxava os vagões. O giro do trem foi um grande espetáculo. Arcaico. Mágico. Fantástico.
Terminado o movimento de inversão, o trem ficou mais uma vez no sentido de Tiradentes.
Minha cabeça viajou naquele vaivém... Não era o vaivém grande e conhecido das ondas. Era o vaivém curtinho do trem. O vaivém da vida! Quando não temos mais saída. Nem trilhos pra seguir em frente.
Ah, se a gente pudesse virar com toda força nossa velha locomotiva e fazer a viagem de volta, lentamente, olhando tudo que foi deixado distraidamente pelo caminho.
E chegando no ponto de partida, pudéssemos comprar um outro bilhete. Embarcar novamente. De carro, táxi, avião, não sei bem. Algo que saísse dos trilhos.
E nos levasse para mais além...