Mas tinha suas
esquisitices. A simetria, por exemplo. Trabalhava há anos com minha família e
os objetos das mesas e prateleiras tinham que ficar sempre equilibrados. Dois
pra direita. Dois pra esquerda. Um grupo de cada lado. Tudo simetricamente espaçado.
Toque? Creio que não. Era a estética mesmo. Ela achava melhor daquele jeito e pronto!
Dava um trabalhão redistribuir as coisas quando Dora
saia e quebrar aquela dura simetria, dando novamente liberdade às coisas.
Ela também tinha outras manias e superstições. Acreditava em olho gordo e mau agouro. Mariposa preta, por exemplo, era sinal de morte por perto. Quando entrava alguma em minha casa, ela já tremia da cabeça aos pés. Nossa, vai morrer alguém!
Ela também tinha outras manias e superstições. Acreditava em olho gordo e mau agouro. Mariposa preta, por exemplo, era sinal de morte por perto. Quando entrava alguma em minha casa, ela já tremia da cabeça aos pés. Nossa, vai morrer alguém!
Às vezes, demorava dois ou três meses, sem nenhuma morte sequer e aí Dora forçava...
-Viu? Fiquei sabendo
que morreu o irmão do vizinho da minha tia. -Tá bom, Dora, eu fingia
que valia.
Outra maluquice, além de achar que eu deveria ser a primeira dama da minha Cidade e que devia abrir uma floricultura junto com ela e comercializar vasos de plantas — sabia da minha paixão para criar orquídeas — era com relação a dois ursinhos de pelúcia que eu tinha no quarto de casal.
Outra maluquice, além de achar que eu deveria ser a primeira dama da minha Cidade e que devia abrir uma floricultura junto com ela e comercializar vasos de plantas — sabia da minha paixão para criar orquídeas — era com relação a dois ursinhos de pelúcia que eu tinha no quarto de casal.
Depois de arrumar a cama, esticar os lençóis e borrifar meus perfumes prediletos, ela colocava os dois ursinhos se beijando.
De início, achei que tinha sido sem querer. No dia seguinte, achei que fosse brincadeira. Mas depois de semanas assim, perguntei: -Dora, você coloca os ursinhos se beijando de propósito? Claro, Dona Inês. Vocês se amam. Eles se amam.
De início, achei que tinha sido sem querer. No dia seguinte, achei que fosse brincadeira. Mas depois de semanas assim, perguntei: -Dora, você coloca os ursinhos se beijando de propósito? Claro, Dona Inês. Vocês se amam. Eles se amam.
Não sei como Dora descobriu
isso. Fiquei com medo de perguntar. Aliás, Dora já não trabalha mais com a
gente faz alguns anos. E vou confessar... até hoje, quando arrumo o
quarto, coloco os ursinhos se beijando. Vai que...
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Superstições, crendices, consultas a videntes e previsões de mau agouro deixam a gente com a pulga atrás da orelha. Como diz o grande escritor espanhol Miguel de Cervantes em seu livro Dom Quixote de La Mancha, ''Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay''. E você, ressabiada, completou a frase com muita sabedoria resumindo-a em duas palavras: ''Vai que...''. Concordo plenamente, vizinha.
ResponderExcluirAmei!!!
ResponderExcluirAh.. Q gostoso de ler, ainda mais imaginando a "Dora, tão real e interessante.
ResponderExcluirAdorei Inês.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCom seus "tocs" manias e superstições, elas deixam um rastro de muitas saudades...
ResponderExcluirComo se fala por essas terras aqui, seu texto está DIVINAL!